sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Colégio Boa Viagem faz homenagem ao ganhador do Prêmio Naíde Teodósio 2007

Os(as) alunos(as) das oitavas séries do ensino fundamental do Colégio Boa Viagem fizeram uma homenagem ao centenário da morte do escritor Machado de Assis com a encenação da peça teatral Dom Casmurro. O evento foi realizado na última quinta-feira (14.08), às 19h, no teatro da Universidade Federal de Pernambuco.

O Colégio Boa Viagem aproveitou a ocasião para homenagear o aluno Roberto Corrêa Scienza, autor da redação “Direito de ser mulher”. O texto, lido na íntegra por 12 alunas da unidade ensino, foi ganhador da primeira edição do Prêmio Naíde Teodósio de Estudos de Gênero.

A Secretária da Mulher de Pernambuco, Cristina Buarque, compareceu ao evento. Segundo ela, “iniciativas como essa são fundamentais para fomentar o debate crítico sobre as relações de gênero nos espaços de educação formal”.

Confira abaixo a redação na íntegra:

Direito de ser mulher
Roberto Corrêa Scienza – Colégio Boa Viagem/RECIFE

A preocupação com a violência acometida contra a mulher ganhou espaço na discussão de vários segmentos sociais. Tornou-se debate político de ONGs, de associações, nas universidades e nos discursos políticos. Entretanto, pouco se viu de efetivo.

Entre os vários projetos elaborados com o intuito de reduzir a violência doméstica, muitos foram abandonados, por falta de conscientização da sociedade, ainda com valores machistas e que velam os abusos cometidos dentro dos lares.

Um exemplo disso pode ser constatado na recomendação do Conselho Nacional da Justiça, que sugere a criação de juizados de violência sexista. Todavia, as penas aplicadas contra os agressores conjugais são tão irrelevantes que não os intimidam em rescindir em seus crimes. Num país onde a impunidade é banal, a agressão intra-familiar parece não causar impacto e nem indignação.

Nem mesmo os índices assustadores apresentados por uma pesquisa da Fundação Perseu Abramo, em 2005, de que pelo menos 43% das mulheres brasileiras já sofreram algum tipo de violência, parecem impressionar.

Podemos elencar inúmeras conquistas que as mulheres obtiveram ao longo da história. Direito ao voto, ao trabalho, à educação e tantas outras batalhas vencidas no caminho para a cidadania.
As mulheres conseguiram quebrar alguns tabus impostos pela sociedade, pelo menos quando nas ruas, aos olhos de todos. Entretanto, nem sempre obtêm êxito dentro das próprias paredes de suas casas, onde deveriam encontrar apoio e respeito.

Os grandes homens da história, sejam heróis ou vilões, tiveram ao seu lado mulheres maiores ainda. Quem não se lembra de Anita Garibaldi, Maria Bonita, Olga Benário? Essas mulheres entraram para a história, ao lado dos seus companheiros, lutando corajosamente contra a violência do mundo, contra as injustiças sociais ou por seus ideais.

O médico Bianor Teodósio, com certeza, foi um exemplo desses homens que tiveram uma grande mulher ao seu lado. A pernambucana Naíde Teodósio, também médica, viveu ao lado de seu companheiro, lutando por mais dignidade e saúde para as mulheres de sua terra. Hoje, empresta seu exemplo de vida aos jovens que ainda têm tantas batalhas pela frente.

A história registra os exemplos desses grandes homens e suas magníficas mulheres. Porém, um número muito maior de homens, nem tão “grandes” assim, que não entra nem nos registros da história e, infelizmente, nem nos policiais, cala a voz de suas grandes mulheres com a força das mãos estúpidas, diariamente.

Talvez, para o sexo masculino, seja difícil entender o medo, a humilhação, a vergonha das mulheres que sofrem a violência doméstica. Mas, com certeza, é fácil perceber a covardia e a ausência de caráter dos homens que cometem a violência contra suas mulheres.

Solução para acabar com a violência doméstica? Os políticos, as ONGs, as autoridades policiais e a sociedade, de maneira geral, atribuem a falta de denúncia das próprias mulheres agredidas como um dos fatores fundamentais para continuidade do problema.

Será que a sociedade não consegue perceber que a falta de “voz” dessas mulheres é que faz com que elas não consigam denunciar seus agressores?

Dar voz a elas não significa, apenas, mulheres registrarem um boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher. Dar voz é dar acesso à educação, à saúde, ao trabalho. Dar voz é dar o direito a ela de ser mulher.

Um comentário:

Salete Gomes disse...

discordo a forma de como colocam no edital as condiçoes do Prémio.No item que se refere a premiação não diz que haverá duas avaliação. Diz que os dez melhores trabalhos seram premiados na categoria Professor do Ensino Medio e porque mudara a forma de premiar?